1) Por qual motivo você escolheu o tema da adoção em seus livros?
Em 2014, depois que o meu filho nasceu para nós com oito anos e meio, percebi a importância de se falar sobre o tema. Não sabia que crianças com mais de sete anos cresciam nos abrigos sem visibilidade, pois a maioria dos adotantes preferia bebês e crianças com até cinco ou seis anos. A situação é ainda mais crítica para os adolescentes: a maioria atinge os dezoito anos sem encontrar um lar e depois perdem a proteção do Estado. Os programas de apoio são poucos, breves e insuficientes.
Quando me tornei mãe, senti em meu próprio coração a dor daqueles que só conhecem o abandono, a violência e a falta de perspectivas. Desejei e desejo todos os dias que não haja violência no mundo e que todas as crianças e jovens possam estar em famílias amorosas, recebendo a proteção e os cuidados básicos para o bom desenvolvimento de um ser humano. Não dá para ser feliz quando o outro não é. A maternidade traz isso, essa conectividade com tudo e com todos.
Como sou psicóloga, passei a trabalhar em prol dos adotantes para que eles recebam informações, troca de experiências e vejam famílias bem formadas, apesar dos desafios que fazem parte do processo. Uma adoção bem sucedida passa necessariamente pelo preparo adequado dos adotantes.
Aí depois vem a questão da sociedade na qual estamos inseridos: vivenciamos preconceitos enraizados: raças, culturas, a adoção em si. Não será num dia ou num ano que se mudam as mentalidades. Acredito que a força do amor vai cada dia rompendo barreiras até o momento onde essa luz renovará os conceitos e fará surgir uma nova humanidade.
Sempre penso que um mundo melhor depende de cada um de nós. Sou uma pessoa otimista e sonhadora.
2) Como foi para você publicar o seu primeiro livro?
Foi uma surpresa e uma experiência fantástica! Participei em 2018 pela primeira vez do edital do Proac (Programa de Incentivo à Cultura do Governo do Estado de São Paulo), e foi uma grande emoção ao ver que fui selecionada. O lançamento ocorreu em 2019, e tive a oportunidade de realizar diversas palestras nas bibliotecas do município e também nos grupos de apoio à adoção do ABC, interior de São Paulo e Baixada Santista. Participei também como convidada na Mesa de Debates do Encontro Estadual dos Grupos de Apoio à Adoção do Estado de São Paulo, realizado e Guararema em setembro de 2019. Nestas ocasiões, tivemos contato com os representantes destes grupos e diversos ícones da adoção no Brasil. Foi um ano inesquecível!
Neste primeiro livro, Fui Adotada aos 56 anos – uma história real de adoção tardia, publiquei algumas histórias nossas e outros contos que promovem a reflexão sobre o tema, tais como: a decisão de adotar, a escolha do perfil do filho, reprodução assistida, medos na adoção, as devoluções, a seletividade e a saída do abrigo aos dezoito anos, entre outros.
Em nossas palestras, pude sentir que os pretendentes à adoção se identificaram com os temas abordados e que a nossa experiência veio de encontro às suas demandas.
Distribui diversos exemplares para grupos de apoio em todo o território nacional, contribuindo para a biblioteca circulante justamente onde é mais necessário. Tive a oportunidade de ser entrevistada por diversos veículos da mídia (jornais, TVs, rádioweb, revistas e mídias sociais), trazendo o tema da adoção ao grande público.
3) Você lançou recentemente o seu segundo livro. Qual foi a repercussão que você obteve?
Várias pessoas já estavam me cobrando um segundo livro, cujo conteúdo já estava pronto, quando surgiu a oportunidade de participar da Lei Aldir Blanc do Governo Federal e da Secretaria de Cultura e Juventude do Município de São Bernardo do Campo. Mais uma vez tive a alegria de ser contemplada, e lancei então este segundo livro: Histórias na Varanda – conversas sobre Adoção e Vida.
Como estávamos em plena pandemia da Covid-19, o lançamento foi virtual e pode ser conferido através do link https://youtu.be/osMEeag1tug
Neste lançamento, vários amigos do universo da Cultura e da Adoção estavam conosco, e fizeram questão de dar seus depoimentos. A repercussão foi muito positiva, e vários grupos de apoio à adoção solicitaram seus exemplares.
Um fato que trouxe grande satisfação foi saber que o público que frequenta a biblioteca municipal do nosso bairro tem requisitado bastante o livro e comentado que apreciaram muito a leitura. Isto deixa qualquer escritor feliz, pois a obra está seguindo o seu caminho e cumprindo a sua missão.
4) Do que você trata neste segundo livro?
Neste livro falamos sobre adoção, relações afetivas, vida em família, adolescência, a pandemia do covid-19 e seus impactos. Há um conto feito especialmente para as famílias que encontram dificuldades nos trabalhos escolares de seus filhos no ensino fundamental. A escola precisa ser um espaço inclusivo, e algumas abordagens devem ser repensadas. Falamos também sobre questões LGBTQIA+ pois conhecimento e respeito andam juntos.
Digo que este livro é para ser saboreado junto com uma xícara de chá ou café na varanda, de forma a trazer momentos de paz e reflexões sobre a vida, que é a vida de todos nós.
Uma curiosidade: o prefaciador convidado foi meu colega de trabalho e amigo desde os anos 80, Thalma Tavares, poeta e trovador, é bisavô pelas vias da adoção. Pois bem, contatei sua neta Bruna Lídia e pedi um texto sobre sua maternidade e seus avós, e fizemos surpresa para o poeta, que só tomou conhecimento do fato ao receber o exemplar do nosso livro.
O leitor vai sentir todo o carinho que cerca este nosso trabalho.
5) O que te motiva a escrever?
É saber que existem tantas crianças e adolescentes crescendo em abrigos à espera de um lar e de uma família que os acolha e os ame. A sociedade precisa ser mais acolhedora e os pretendentes devem saber o perfil real dessas crianças, que muitas vezes diverge do filho dos seus sonhos. A realidade está aí e ser omisso não é uma opção.
Nós que já percorremos o processo de adoção precisamos despertar um olhar mais atento para quem deseja e necessita ser chamado de filho.
Encontramos muitos preconceitos na sociedade, como por exemplo, não considerar essas famílias e esses filhos como sendo verdadeiros. Afinal, família é onde encontramos amor e união. O tema da adoção precisa ser lembrado a todo instante, como uma forma de mostrar ao mundo que o amor não se limita aos filhos que chegam através de uma gravidez.
O assunto da adoção precisa de mais visibilidade, engajamento de todos os profissionais envolvidos e a promoção de campanhas para sensibilizar as pessoas. A Legislação deve acompanhar as demandas para atualizar as leis e também para que as mesmas sejam cumpridas.
Faz muita diferença as pessoas verem e ouvirem histórias bem sucedidas de adoção, famílias felizes, crianças e jovens progredindo em todos os sentidos. E aquelas crianças que estavam muito doentes ou debilitadas antes de encontrar seus verdadeiros pais, e depois passam por um progresso inesperado? O amor faz milagres, acreditamos nisso.
E como a família é uma célula da sociedade, quando todos forem felizes, teremos uma sociedade saudável, equilibrada e justa.
6) Como é o movimento da adoção no nosso país?
Há diversos grupos de apoio à adoção presenciais espalhados por todo o país, sendo que a maioria encontra-se na região Sudeste, notadamente no Estado de São Paulo. Estes grupos são formados por profissionais das áreas de Psicologia, Assistência Social e Advogados, e principalmente por famílias que adotaram os seus filhos e compreenderam a dimensão do amor. Nas reuniões, são apresentados temas de interesse dos pretendentes à adoção, assim como depoimentos de diversas famílias, que se sentem acolhidas em seu processo de preparação à maternidade e paternidade. Vocês podem encontrar a relação destes grupos no site da ANGAAD.
Um aspecto positivo trazido pela pandemia e a necessidade de isolamento social foi a proliferação de reuniões virtuais por todo o país. Esse meio foi amplamente utilizado e a tendência é de se tornar mais um canal de atendimento aos pretendentes à adoção.
Ao longo dos mais de 25 anos de existência dos grupos de apoio à adoção, podemos notar com grande satisfação que muitos progressos foram surgindo, como por exemplo, a maior aceitação de crianças com mais de 7 anos, grupos de irmãos, adoções de etnias diferentes, crianças e jovens com algum tipo de deficiência e doenças tratáveis e não tratáveis.
Nos Encontros nacionais, estaduais e regionais de adoção, diversas famílias e profissionais que atuam nas Varas da Infância realizam palestras, onde todos aprendem e compartilham informações importantes. Os nossos filhos, enquanto isso, são atendidos por monitores ou voluntários que organizam brincadeiras, jogos e campeonatos, além de passeios, dependendo da ocasião e do local.
Os dias vividos nesses encontros se multiplicam em alegrias e descobertas. Nossos filhos sentem o quanto são amados, pois vêem o quanto os seus pais se prepararam para recebê-los e hoje contribuem para que mais famílias se formem.
7) Quais são os seus projetos futuros?
Estou terminando o terceiro livro para participar de um próximo concurso cultural. O quarto livro está em estágio inicial.
Pretendo fazer palestras em escolas e espaços culturais. Já estamos agendando diversos eventos para o próximo ano e buscando parcerias para a ampliaçáo dos trabalhos.
8) Como podemos fazer para adquirir os seus livros?
É simples: você escolhe o seu livro e nos passa um pix por meio da chave; (11) 972575660. Depois é só passar o comprovante e o endereço para entrega através deste mesmo número de celular. A entrega é feita através do correio.
- Fui Adotada aos 56 anos – uma história real de adoção tardia : R$ 31,50 (frete incluso)
- Histórias na Varanda – conversas sobre Adoção e Vida : R$ 37,00 (frete incluso)
Promoção: No mês de dezembro enviamos o livro já embrulhado para presente
Quer conhecer um pouco mais sobre o universo da adoção e também os trabalhos que Angélica desenvolve em torno desta causa?
Acesse a página do Facebook “Anjos da Guarda – Serviços de Apoio à Adoção”.
Link: https://www.facebook.com/Anjos679/
Instagram: anjosguardaadocao
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